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Minerais críticos, terras raras e a soberania do Brasil diante das chantagens de Trump

08 de Setembro de 2025

Internacional

Artigo por Elaine Blefari | Secretária de Relações Internacionais CNQ-CUT



  O debate sobre minerais críticos e terras raras ganhou centralidade geopolítica. Não se trata apenas de economia, mas de poder, soberania e futuro. Esses recursos são fundamentais para setores estratégicos: transição energética, indústria de defesa e tecnologias de ponta — de baterias e smartphones a turbinas eólicas e satélites.

  O Brasil ocupa posição de destaque nesse cenário. Temos 23% das reservas conhecidas desses minerais, atrás apenas da China, que além de deter 49% das reservas globais, domina o processo de refino e controla a oferta mundial. Lítio, cobalto, níquel, cobre, nióbio, grafite, escândio, térbio, neodímio: elementos que hoje valem mais que ouro para as grandes potências.

  Não é por acaso que os Estados Unidos, sob Donald Trump, voltam a atacar o Brasil com medidas como o tarifaço sobre produtos nacionais. Por trás da retórica protecionista, há o interesse em fragilizar nossa economia e pressionar para que nossas riquezas estratégicas — como os minerais críticos — estejam à disposição dos seus monopólios. O objetivo é claro: enfraquecer nossa capacidade de disputar cadeias globais de valor e nos manter como fornecedores de matéria-prima barata.

  O presidente Lula foi direto: o Brasil não vai abrir mão da soberania sobre seus minerais críticos. Quem quiser explorar precisará negociar com o Estado brasileiro. Não repetiremos o passado do minério de ferro, em que exportamos riquezas e ficamos com migalhas, enquanto o valor agregado e os empregos ficaram no exterior.

  Essa é a encruzilhada que enfrentamos: ou repetimos a lógica colonial, em que nossas riquezas servem a outros; ou apostamos em industrialização, pesquisa, tecnologia e trabalho digno, transformando nossas reservas em desenvolvimento nacional e soberania popular.

  Para isso, é fundamental: Investir em ciência e tecnologia no Brasil; Garantir políticas públicas que equilibrem exploração e meio ambiente; Reforçar parcerias estratégicas no Sul Global, em especial no âmbito dos BRICS; e Valorizar os trabalhadores, para que essa riqueza se traduza em empregos de qualidade.

  O movimento sindical precisa estar vigilante. O tema dos minerais críticos e das terras raras não é só técnico: é uma luta política de primeira ordem. Defender a soberania sobre esses recursos é defender a democracia, os empregos e o futuro do povo brasileiro.

  A CNQ-CUT segue atenta e comprometida para que o Brasil não seja refém de chantagens internacionais e, muito menos, de traidores internos que ecoam os interesses da extrema direita global. Nossas riquezas são do povo brasileiro — e o futuro dessa luta também.