Morte no Canadá: Quanto vale uma vida para a Vale?

CNQ se solidariza com a família do mineiro Stephen Perry; morto em acidente no local de trabalho

Quatro fatalidades em sete meses. Esse é o saldo da negligência da Vale e de sua falta de políticas de segurança e prevenção que priorizem, acima de tudo, a vida do trabalhador. Stephen Perry, um minerador da mina de Sudbury e membro do sindicato United Steelworkers Local 6500, morreu na última semana, vítima de um acidente de trabalho.

Dois membros do sindicato, Jason Chenier de 35 anos e Jordan Fram, de 26 anos, foram

mortos em 8 de junho de 2011, na mina de Stobie. Outro membro do Sindicato USW Local 6166, em Thompson, Manitoba, morreu em outubro de 2011, doze dias após ele ter deixado cair um eixo da mina enquanto operava um scoop tram (carregador subterraneo). Era Greg Leason, de 51 anos, que trabalhou por 23 anos na Inco e na Vale.

O sentimento é de revolta. Rick Bertrand, presidente do sindicato que representava Perry na mina de Coleman, desabafou a imprensa local: “Estou muito zangado. É inaceitável que tenhamos quatro fatalidades em sete meses. Nem terminamos uma investigação e já temos que iniciar outra”.

Na semana passada, a Vale divulgou os resultados das investigações sobre as mortes dos mineradores de Stobie, os quais resultaram em mais de 30 recomendações para a prevenção de outras tragédias similares.

O Sindicato USW Local 6500 está dando os toques finais ao seu relatório de investigação, mas Bertrand não pode dizer quando será divulgado. Somente disse na semana passada, que os resultados do sindicato serão apresentados ao público.

Bertrand alegou ser ainda muito cedo para se dizer se a USW deverá trabalhar nas investigações de Coleman juntamente com a Vale. “Nós ainda precisamos ter uma reunião com eles para discutirmos estas questões.” Esta reunião deve ter sido 2ª. Feira, à tarde.

A produção nas cinco minas de Sudbury da Vale foi suspensa, inclusive de Coleman, pois um plano de ação está sendo realizado para dar mais segurança às minas.

Os trabalhadores e trabalhadoras da Vale do Canadá foram protagonistas de uma greve de mais de um ano entre 2009 e 2010 onde já se alertava para o aumento de riscos com a diminuição de investimentos e de mão de obra.

A CNQ se solidariza com as famílias do trabalhadores mortos na mina da Vale. Não é possível aceitarmos que seja natural que operários morram por negligência empresarial, não coadunamos com práticas que não garantam que os trabalhadores voltarão para suas casas ao fim de seus turnos. Assim sendo, conclamamos todos os sindicatos mineiros que são filiados à entidade a mostrarem sua solidariedade com atos, moções, textos, paralizações e quaisquer outras ferramentas que caibam nesse difícil momento, no qual a solidariedade internacional se faz mais do que necessária: se faz uma questão de sobrevivência.