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Mosaic adquire ativos da Vale Fertilizantes e começa plano de demissões

05 de Março de 2018

Minérios

Estado de Greve instaurado

Por Álvaro Alves  -  Presidente SINDIMINA SE /  Secretaria Setorial Minérios CNQ-CUT

O Brasil caminha para tornar-se uma economia cada vez mais primária e a exploração dos recursos naturais tem favorecido uma lógica entreguista que serve ao capital estrangeiro. No setor mineral, esta cruel dinâmica é consolidada dia pós dia.  

É importante lembrar do desmonte da indústria mineral brasileira com a privatização da Vale do Rio Doce durante o governo FHC. A Vale deveria atender aos interesses nacionais através da integração com projetos de desenvolvimento industrial e, assim, promover crescimento sustentável da economia.  Tal fato não ocorreu e as incoerências seguem.

Recentemente, foi concluída a venda de parte da divisão de fertilizantes da Vale S.A. para a norte-americana Mosaic Fertilizantes S.A.  A negociação incluiu os ativos de fosfatados localizados no Brasil (exceto os baseados na cidade de Cubatão-SP),   a participação da Vale em Bayóvar no Peru,  os ativos de potássio localizados no Brasil, incluindo o projeto de Carnalita,  e o projeto de potássio no Canadá (Kronau). No processo de negociação não houve participação dos trabalhadores e dos representantes dos sindicatos envolvidos, as noticiais chegavam apenas através da imprensa.

Reestruturação da Mosaic

A companhia norte-americana já iniciou processo de reestruturação que visa a redução de custo via demissões.  Na unidade de Uberaba (MG) foram 230 demissões, em Araxá (MG) outros 500 desligamentos, já em Patos de Minas (MG) mais 49 trabalhadores demitidos.  Em Cajati (SP) e Catalão (GO) há ameaça de corte de 50% do atual contingente e na unidade do Complexo de Mina/Usina de Taquari-Vassouras no Estado de Sergipe a empresa sinaliza cerca  de 400 demissões. Além do fechamento dos postos de trabalho direto, há expectativa também de redução de trabalhadores terceirizados e, assim, maior impacto sobre o nível de emprego e renda das localidades.

Especificamente, o SINDIMINA Sergipe tem atuado com bastante empenho. Na última semana, dirigentes reuniram-se com o deputado federal João Daniel (PT/SE) que denunciou as mazelas da empresa no Congresso. O SINDIMINA também tem contatado outros sindicatos que representam os trabalhadores em outras localidades para que ações conjuntas possam ser desenhadas. A Mosaic, por outro lado, tem dificultado os diálogos e adotado práticas antisindicais com a pretensão de criar desavenças entre os trabalhadores e os dirigentes sindicais.

Delegação de sindicalistas da Bielorrúsia

Em confirmação a falta de compromisso e a anulação de políticas como o diálogo social, é possível exemplificar a visita de sindicalistas da Bielorrúsia, país que possuí o terceiro maior depósito mundial de potássio e grande exportador deste minério para o Brasil, à mina em Taquari/Vassoura. Apesar de confirmada, a visitação não ocorreu pois foi condicionada à assinatura de acordo coletivo que prejudicaria os trabalhadores. O SINDIMINA que possui respeito pelo intercâmbio internacional e considera importante a troca de experiências, não pactua com quaisquer ações que ameacem os direitos duramente alcançados.

A Mosaic, que já detém 20% do mercado nacional de fertilizantes, objetiva expandir seus negócios no país e prega um discurso vazio em seus canais de comunicação. O código de conduta não tem compromisso com os empregos. Sabemos que a aquisição de minas estratégicas é primordial para os lucros que os investidores exigem. No Brasil pós-golpe, a Mosaic e outras tantas corporações encontram ambiente favorável. A reforma trabalhista e a terceirização irrestrita tornam os trabalhos mais precários e garantem as reduções de custo tão almejadas pelas empresas. Não há compromisso com o desenvolvimento do país, somente interesse nos ganhos para as matrizes localizadas no estrangeiro.  A sociedade brasileira ainda atravessa um período bastante nebuloso, os números positivos do PIB recentemente divulgados não refletem a realidade, são cerca de 13 milhões de desempregados e, assim, a necessidade de maior organização e planejamento é fundamental para enfrentar as grandes corporações multinacionais.

Neste sentido, o Sindimina SE promoveu no último domingo – 04 de março – Assembleia Geral Extraordinária para discutir o Plano de Demissão em massa pretendido pela Mosaic Fertilizantes. Os trabalhadores aprovaram estado de greve, desde que frustradas todas as tentativas de negociação. A direção do SINDIMINA continua acreditando na importância do diálogo entre os diversos atores envolvidos, porém o processo negocial exigi confiança e transparência, algo que a Mosaic não tem demonstrado. Ações que garantam os direitos conquistados e visem melhorias para a vida dos trabalhadores serão mantidas e ampliadas. A luta apenas começou!