Na Bahia diretores do Sindiquímica ocupam fábrica após multinacional convocar PM para coibir greve
17 de Agosto de 2015
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O clima ficou tenso na manhã desta segunda-feira (17), na empresa Graftech, localizada em Candeias, a 50km de Salvador, com a presença da Policia Militar. Houve um pequeno tumulto e bate-boca quando os PMs entraram na fábrica, criando um pequeno cordão de isolamento, na tentativa de liberar a entrada aos poucos funcionários que estavam no local. “Já ligamos para o comando da PM, denunciando a ilegalidade da ação porque este é um recinto privado cujos trabalhadores estão em greve por decisão da categoria”, explica o diretor do Sindiquímica, Carlos Itaparica.
Neste momento, os diretores do sindicato ocupam a fábrica em protesto à decisão da multinacional de chamar a PM para coibir o movimento. A greve completou 10 dias hoje (17), o sindicato acusa a empresa pela postura intransigente ao não querer dialogar com a entidade.
Além da presença constante da PM no local, os dirigentes sindicais têm sofrido pressão da administração da GrafTech. No sábado (08), por volta das 14h, o presidente da multinacional fez graves ameaças pelo telefone a três dirigentes do Sindiquímica, que também são funcionários da GrafTech. “O presidente nos ligou para avisar que estava mandando prepostos para nos agredir e acabar com o movimento”, denuncia Giovani da Costa, uma das vítimas ameaçadas pelo gestor da empresa. Nesse mesmo dia, o Sindiquímica registrou uma queixa na Delegacia de Candeias contra o autor da ameaça.
Os trabalhadores da GrafTech cruzaram os braços, no dia 07, em protesto às práticas antissindicais e de assédio moral cometidas frequentemente pela multinacional. Em julho, foram demitidos dois funcionários, um deles também é diretor do sindicato, Pedro Alves dos Santos, e o outro era integrante da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). “A demissão dos companheiros é ilegal e uma afronta ao movimento sindical porque a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) garante a estabilidade dos trabalhadores tanto no sindicato como na CIPA. Tentamos diálogo com a direção da empresa para reintegração dos trabalhadores, mas nada avançou”, protesta Carlos Itaparica.
O sindicato promete encaminhar denuncia contra a GrafTech por práticas antissindicais e de assédio moral à Organização Internacional do Trabalho (OIT) e, na Bahia, ao Ministério Público do Trabalho pelos ataques à organização do trabalho e a liberdade sindical. Outra questão a considerar, segundo Itaparica, é o fato das demissões terem ocorrido próximo do início da campanha salarial da categoria que foi antecipada para agosto. Existe um compromisso do sindicato patronal (Sinpeq), do qual a GrafTech faz parte, impedindo as demissões durante o processo de negociação da campanha reivindicatória. A empresa desrespeitou esse compromisso e demitiu dois funcionários.
A primeira rodada de negociação entre o sindicato patronal (Sinpeq) e o laboral (Sindiquímica) está marcada para amanhã terça-feira (18), às 8h, no Cofic, em Camaçari, na Bahia.
Fonte: Imprensa Sindiquímica Bahia