Novo Código de Mineração precisa abrir espaço para fiscalização e contribuição dos trabalhadores
12 de Outubro de 2013
Geral
Dirigente destaca que regulamentação deve exigir contrapartidas sociais para as comunidades No último dia 18 de junho, a...
Dirigente destaca que regulamentação deve exigir contrapartidas sociais para as comunidades
No último dia 18 de junho, a presidenta Dilma Rousseff enviou ao Congresso Nacional o PL (Projeto de Lei) 5.807/2013 – que foi anexado ao PL 37/11, de Wellinton Prado (PT-MG), e estabelece novas regras para a exploração de minerais no país.
O atual Código de Minas, de 1967, não trata as áreas e as riquezas delas extraídas como bens da União, portanto de todos os brasileiros, conforme prega a Constituição Federal de 1988.
Uma das mudanças que a nova legislação prevê é modificar o regime vigente, que permite a autorização, licenciamento e monopólio para pesquisa e exploração às empresas privadas. A ideia é introduzir um regime de concessão semelhante ao que já ocorre no setor energético, precedida de licitação e com contratos de 40 anos de duração, que poderão ser prorrogáveis por mais 20 anos. Atualmente, o prazo é indeterminado.
Outra mudança prevista é no aumento da alíquota da Contribuição Financeira sobre Exploração Mineral (CFEM) que as empresas pagam como royalties pela exploração das áreas: o valor passará dos atuais 2% para até 4% sobre a renda bruta e não mais a receita líquida. Uma das propostas da CUT e da CNQ-CUT (Confederação Nacional do Ramo Químico) é que 65% dessa contribuição fique no município.
O PL também cria o Conselho Nacional de Política Mineral (CNPM), que será responsável por formular políticas púbicas para o setor, e transforma o Departamento Nacional de Produção Mineral – atualmente responsável por fornecer o alvará de autorização de pesquisa e exploração – na Agência Nacional de Mineração, que fiscalizará o setor mineral.
A CUT e a CNQ-CUT também defendem que o conselho defina como a CFEM será aplicada para compensar os danos ambientais e que as mineradoras também sejam taxadas de maneira diferenciada pela utilização da água, que é utilizada em grande quantidade na atividade mineradora.
Secretário do Setorial de Minérios da CNQ-CUT e dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Extrativistas de Paracatu (MG), Rosival Araújo (foto), ressalta que a criação desses órgãos deve incluir a participação dos trabalhadores em suas instâncias para garantir transparência e eficiência.
“A lei atual centraliza as decisões no Ministério de Minas e Energia e isso deixará de acontecer. Porém, queremos que o conselho esteja presente nas três esferas de poder para ampliar a participação da sociedade civil e que sejam deliberativos. Porque quando você tem esses espaços nos municípios, como ambiente de decisão, você permite que a comunidade possa discutir e definir como serão aplicados os recursos e impedir que as empresas explorem sem compensar os prejuízos na região”, destaca.
Para Araújo, o código vai melhorar a capacidade de produção do Brasil e gerar mais emprego, além de permitir agregar valores aos minerais. Porém, os avanços serão tímidos, acrescenta, se não garantirem a participação da classe trabalhadora no processo de fiscalização e definição de como os valores serão utilizados. “Há muita jazida a ser descoberta no Brasil e as grandes mineradoras já sabem disso, tanto que o Ministério de Minas e Energia foi um dos alvos de espionagem do Canadá. Não apenas nós, mas também a comunidade quer ser beneficiada por esse desenvolvimento”, comenta.
O Projeto de Lei aguarda emendas no Congresso e foi criada uma comissão especial para analisar a proposta. O relator é o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG). A expectativa é que seja votado ainda neste mês.
1 de outubro: representantes da CUT e CNQ participam de audiência pública da
comissão especial que analisa o novo Código de Mineração, em Brasília
Fotos: Viola Junior/Câmara dos Deputados e Kristen Price/SXC (mineradora)
Leia também: Entidades apresentam na Câmara sugestões para alterar Código de Mineração (clique aqui).