O que a GM está fazendo nos EUA, Canadá e Brasil
04 de Fevereiro de 2019
Mundo
“Fica difícil para o Brasil, EUA e Canadá igualarem o valor da mão de obra com o México”, diz Krystine.
O Movimento Brasil Metalúrgico debateu os impactos da chantagem que a GM vem promovendo não só no Brasil como também nos EUA e no Canadá ao anunciar o fechamento de unidades de produção nestes três países.
Kristyne Peter, diretora para Relações Institucionais da UAW e integrante da executiva da IndustriALL Global Union, participou de videoconferência na sexta-feira (1º) durante o Brasil Metalúrgico e apresentou um panorama da situação.
Segundo a UAW, 30%da produção da GM vendida nos EUA já é feita no exterior. Maior parte vem do México, onde os trabalhadores recebem de 1 a 3 dólares por hora e não tem mobilização sindical. “Fica difícil para o Brasil, EUA e Canadá igualarem o valor da mão de obra com o México”, completou.
“A GM está tentando fazer terrorismo psicológico contra os trabalhadores nos EUA, Canadá e Brasil, tentou fazer na Coreia do Sul, mas lá não funcionou”, informou.
GM nos EUA
Segundo Kristyne Peter, “a GM violou várias cláusulas do nosso acordo nos EUA, uma das mais importantes, o documento 13, que impede o fechamento de plantas que não estão paradas". "Aprovamos em 2015. Aqui nos EUA a gente negocia a cada quatro anos. Quando a empresa estava falindo, em 2008, recebeu do governo dos EUA mais de US$ 51 bilhões, dinheiro que pertencia ao contribuinte, pertencia ao trabalhador. Agora estão nos abandonando e fechando 14 mil empregos após usar nosso dinheiro para se salvar. Eles ficam se pautando pelos interesses da bolsa de valores, mas deveriam se preocupar mesmo com aqueles que os salvaram 10 anos atrás, os trabalhadores”.
A OAW está cercando a GM por todos os lados falando com congressistas americanos, representantes estaduais. “Estão fazendo um plano de terrorismo porque a GM nos EUA é extremamente lucrativa”.
GM no Canadá
Dino Chiodo, representante de relações internacionais da central sindical canadense Unifor, revelou que a estratégia de resistência por lá é sensibilizar a opinião pública porque o Estado canadense não faz nada, apesar do impacto econômico e social sobre 30 mil empregos. “A planta de Oshua é uma das melhores plantas que a GM têm na América do Norte porque tem condições de produzir mais de um veículo. Hoje vai afetar o estado de Ontario”.
O canadense conta que no acordo de 2016 (o último feito no Canadá), a GM garantiu de que no próximo acordo, em 2020, faria um investimento de US$ 500 milhões para transformar a planta do Canadá em flexível. “O sindicato achou estranho porque a planta teria que ficar parada por uns seis meses”.
No mesmo acordo foi assinado o documento 91 que fala que a GM não pode fechar nenhuma planta no Canadá a não ser que a empresa estivesse em uma situação bem ruim ou houvesse problema com algum modelo. “Em 26 de novembro de 2018 foi anunciada uma grande reestruturação e o fechamento da fábrica. Dizem que não precisam mais fazer veículos grandes e que têm que produzir elétricos, mas a gente sabe que só 2% das vendas são de elétricos. A empresa é arrogante e não cumpre os acordos com os sindicatos”, relatou Chiodo.
Valter Sanches , secretário-geral da IndustriALL Global Union e primeiro metalúrgico a ocupar o cargo, garantiu que haverá luta. “Vamos coordenar a luta com os sindicatos do Canadá e EUA e prestar solidariedade neste momento. Se a moda pega será uma sequência de empresas querendo colocar esse tipo de pressão. A Mercedez Benz já disse publicamente que este é o caminho. Vamos colocar os sindicatos do mundo inteiro contra esta chantagem”, afirmou.