Como trabalhador e representante sindical, vejo a Convenção de Minamata como um marco essencial na luta pela preservação da saúde dos trabalhadores e da população em geral. O uso de mercúrio na produção fabril no Brasil será proibido a partir do final de 2025 devido aos graves riscos que a substância representa para a saúde humana e o meio ambiente, e como parte do compromisso do país com esse importante tratado internacional.
A substituição das células de mercúrio pelas células de membrana nas indústrias químicas é um passo necessário rumo a um modelo produtivo mais limpo e sustentável. Essa mudança elimina a contaminação por mercúrio e reduz o consumo de energia, representando um avanço ambiental inquestionável. Entretanto, sob a ótica do trabalhador, é imprescindível ressaltar que essa transição tecnológica precisa ser acompanhada de políticas que garantam proteção social, qualificação profissional e manutenção dos empregos.
Muitos trabalhadores que atuam há anos em processos com mercúrio possuem vasta experiência e não podem ser simplesmente descartados em nome da modernização. A transição deve ser justa e planejada, com programas de requalificação e realocação, para que a inovação tecnológica não se transforme em exclusão social.
Como sindicato, defendemos que o progresso ambiental e a proteção ao trabalhador caminhem lado a lado. Não se trata apenas de eliminar uma substância tóxica, mas de construir um futuro produtivo mais humano, seguro e socialmente responsável. A verdadeira sustentabilidade só existe quando há equilíbrio entre desenvolvimento econômico, preservação ambiental e justiça social — e é esse o compromisso que esperamos ver respeitado por empresas e autoridades.
*Paulo de Souza Bezerra é secretário do Setorial Química e Plástico da CNQ-CUT