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OPINIÃO | Transição Justa: o fim do uso do Mercúrio e a defesa dos Direitos dos/as Trabalhadores/as

06 de Novembro de 2025

Trabalho

Artigo por Paulo de Souza Bezerra*

 
Como trabalhador e representante sindical, vejo a Convenção de Minamata como um marco essencial na luta pela preservação da saúde dos trabalhadores e da população em geral. O uso de mercúrio na produção fabril no Brasil será proibido a partir do final de 2025 devido aos graves riscos que a substância representa para a saúde humana e o meio ambiente, e como parte do compromisso do país com esse importante tratado internacional.
 
A substituição das células de mercúrio pelas células de membrana nas indústrias químicas é um passo necessário rumo a um modelo produtivo mais limpo e sustentável. Essa mudança elimina a contaminação por mercúrio e reduz o consumo de energia, representando um avanço ambiental inquestionável. Entretanto, sob a ótica do trabalhador, é imprescindível ressaltar que essa transição tecnológica precisa ser acompanhada de políticas que garantam proteção social, qualificação profissional e manutenção dos empregos.
 
Muitos trabalhadores que atuam há anos em processos com mercúrio possuem vasta experiência e não podem ser simplesmente descartados em nome da modernização. A transição deve ser justa e planejada, com programas de requalificação e realocação, para que a inovação tecnológica não se transforme em exclusão social.
 
Como sindicato, defendemos que o progresso ambiental e a proteção ao trabalhador caminhem lado a lado. Não se trata apenas de eliminar uma substância tóxica, mas de construir um futuro produtivo mais humano, seguro e socialmente responsável. A verdadeira sustentabilidade só existe quando há equilíbrio entre desenvolvimento econômico, preservação ambiental e justiça social — e é esse o compromisso que esperamos ver respeitado por empresas e autoridades.

*Paulo de Souza Bezerra é secretário do Setorial Química e Plástico da CNQ-CUT

O conteúdo deste artigo reflete as ideias e experiências pessoais do(a) autor(a), não expressa necessariamente a posição da CNQ, mas reafirma o compromisso da entidade com o diálogo e a diversidade de visões no Ramo Químico.