Os 30 anos do MST
21 de Janeiro de 2014
Brasil
Fundamental para a redemocratização do Brasil, movimento permanece essencial para construir um país mais justo e igualitário No dia 22 de janeiro...
Fundamental para a redemocratização do Brasil, movimento permanece essencial para construir um país mais justo e igualitário
No dia 22 de janeiro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) completa 30 anos de lutas. Como a CUT, que celebrou três décadas em defesa da classe trabalhadora no ano passado, o MST teve papel essencial na redemocratização do país e continua sendo protagonista nas lutas sociais.
O combate ao latifúndio, ainda uma dívida histórica do Brasil com seu povo, certamente não teria a importância que tem na agenda brasileira e não avançaria como avançou nas últimas décadas sem a mobilização do movimento, com quem dividimos espaços comuns, como a Coordenação dos Movimentos Sociais, por acreditarmos nos mesmos valores.
Defender a reforma agrária e apoiar o MST é combater a concentração de terras nas mãos de poucos.
Segundo dados do último Censo Agropecuário do IBGE, 2,8% das propriedades brasileiras são latifúndios e ocupam 56,7% do território para produção agrícola. Já as pequenas propriedades representam 68,2% do total, mas ocupam somente 7,9% da área total brasileira.
Não haverá uma democracia legítima sem a distribuição de terras e condições para que as famílias assentadas possam produzir, distribuir e comercializar alimentos mais saudáveis e que tenham como prioridade alimentar a população brasileira, ao contrário do que faz o agronegócio.
Por isso, a CUT definiu a luta pela reforma agrária como uma das prioridades para 2014 e incluirá esta pauta na agenda que será construída pela classe trabalhadora e entregue e cobrada dos candidatos nas eleições deste ano.
Saudamos e celebramos os 30 anos do MST pelo princípio que forjou também a formação da CUT, a defesa de um país mais justo e igualitário.
Direção Executiva da CUT
MST alfabetizou mais de 50 mil trabalhadores e trabalhadoras
Imprensa MST
O acesso à educação é um direito humano fundamental. Desde a retomada da luta pela terra, em 1984, no Acampamento da Encruzilhada Natalino, no Rio Grande do Sul, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) busca garantir que os acampados e assentados tenham acesso à educação pública, gratuita e de qualidade em todos os níveis.
Mais de 50 mil pessoas já aprenderam a ler e escrever no MST, fruto do entendimento de que alfabetizar os trabalhadores é um passo importante para a transformação social. Além disso, foram formados mais de 8 mil educadores que atuam em escolas no campo.
“O compromisso do movimento com a alfabetização é que enquanto existirem analfabetos, o MST vai estar na luta para alfabetizá-los. É a mesma convicção de que enquanto existir um trabalhador campesino sem o acesso a terra continuaremos lutando pela reforma agrária”, afirma Cristina Vargas, do setor de educação do MST.
No entanto, o acesso à escola é um desafio permanente para os camponeses e camponesas. Ainda nos primeiros anos do MST, surgiram as primeiras escolas, denominadas de “Escolas de Acampamentos”, que mais tarde passam a ser chamadas de Escolas Itinerantes. A existência dessa prática educativa garantiu a escolarização de muitas crianças e adultos, permitindo que esta experiência fosse reconhecida pelos órgãos públicos do Rio Grande Sul.
Durante esses 30 anos, que serão comemorados nesse ano durante o VI Congresso Nacional do MST, a ser realizado entre os dias 10 e 14 de fevereiro, em Brasília, o movimento estima que foram construídas aproximadamente 1.200 escolas públicas – estaduais e municipais – nos assentamentos e acampamentos, das quais 200 são de ensino fundamental completo e em torno de 100 vão até o ensino médio, nelas estudando em torno de 200 mil crianças, adolescentes, jovens e adultos Sem Terra.
Também faz parte da atuação do MST os trabalhos educacionais através dos cursos de nível técnico que capacitam os trabalhadores Sem Terra a atuar em cooperativas, além de cursos de graduação, como licenciatura, pedagogia, direito, jornalismo, administração. Já foram criados 50 turmas de cursos técnicos de nível médio e superiores em parceria com universidades e institutos federais, em um total próximo a 2 mil estudantes.
Fechar escola é crime!
O MST defende que a escola esteja onde o povo estiver. Os camponeses têm o direito e o dever de participar da construção do próprio projeto de escola, respaldados no princípio constitucional de que a educação é direito de todos e dever do Estado.
No entanto, após décadas de lutas por conquistas no âmbito educacional, cada vez mais escolas no campo estão sendo fechadas. Em oito anos, mais de 24 mil escolas deixaram de atender crianças e adolescentes filhos de trabalhadores rurais.
No ano de 2002, existiam 107.432 escolas do campo. Já em 2009, o número de estabelecimentos de ensino reduziu para 83.036, significando o fechamento de 24.396 estabelecimentos de ensino, sendo 22.179 escolas municipais.
O Brasil ainda possui 14,1 milhões de analfabetos, o que corresponde a 9,7% do total da população com 15 anos ou mais de idade. Um em cada cinco brasileiros é analfabeto funcional, ou seja, lê e escreve, mas não consegue compreender, interpretar ou escrever um texto.
Fonte: Casa de Resistência Cultural - Em 2009 uma escola do MST recebeu a melhor nota do ENEM num município de Santa Catarina. Escola Semente da Conquista, localizada no assentamento 25 de Maio, em SC, foi o destaque do Exame Nacional em 2009, conforme noticiado na página oficial do Enem. Ela ocupou a primeira posição no município, com nota de 505,69.
Leia também - João Pedro Stédile: “Avanço do capital no campo impede a reforma agrária” (clique aqui).
Em entrevista exclusiva concedida ao site e jornal da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), o coordenador geral do MST revela como as multinacionais Monsanto, Cargill, Bungue, Adm e Dreyfuss agem sobre a agricultura brasileira, hoje sob o predomínio do agronegócio.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.