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Os desafios da mulher nos sindicatos e na sociedade

25 de Março de 2014

Mulheres

Diálogo com a Prof. Paula Loureiro provocou e surpreendeu a todos, permitindo um rico debate sobre a igualdade No mês da Mulher, a análise de...


Executiva CNQ março 2014Diálogo com a Prof. Paula Loureiro provocou e surpreendeu a todos, permitindo um rico debate sobre a igualdade

No mês da Mulher, a análise de conjuntura que sempre inicia as reuniões da executiva da Confederação teve como convidada a Prof. Paula Loureiro, mestra em Direito Político e Econômico, professora e estudiosa do marxismo e feminismo. Paula abordou de forma inovadora, na manhã desta terça-feira, 25, em São Paulo, capital, a discussão sobre a luta pelo direito à igualdade e os desafios de homens e mulheres na construção de relações compartilhadas, reavivando valores como a solidariedade, camaradagem e coletividade. 

“Os mesmos direitos que as mulheres tanto fizeram para conquistar são os mesmos direitos que amarram as mulheres”, provocou Paula, exemplificando que muitos empregadores não contratam mulheres por causa da licença-maternidade, licença amamentação, leis que são de proteção à criança e não à mulher. “Esses direitos têm um lado cruel, pois acabam prejudicando a vida profissional da mulher. Quando achamos que conquistamos a situação perfeita, percebemos que não, e estas situações precisam ser resolvidas. O Direito é insuficiente para mudar situações de injustiças. Essa é nossa principal reflexão”, pontuou Paula.

Ao longo da sua apresentação, Paula demonstrou a opressão sofrida pela mulher dentro de suas próprias casas para que realize todas as tarefas domésticas. “A culpa não é dos homens. Não existem culpados. Precisamos eliminar certos padrões, certas regras. Não queremos uma inversão, o feminismo não é uma inversão do machismo. O que queremos é igualdade e igualdade para todos”, enfatizou.

Relações compartilhadas

E o que fazer para mudar essa realidade? Paula responde de forma segura: tirar as tarefas domésticas da responsabilidade da mulher e distribui-las. “O primeiro passo é a relação compartilhada entre homem e mulher dentro de casa, o segundo passo é compartilhar com a sociedade. Por exemplo, negociar uma lavanderia no prédio, um serviço de restaurante no condomínio e até levar essas reivindicações para dentro da empresa”, disse.

Mulheres e sindicatos

Boa parte da discussão girou em torno da participação das mulheres nas entidades sindicais e da dificuldade de trazê-las para as direções, um desafio para as instâncias da CUT e das confederações do ramo para garantir a paridade nas direções, matéria aprovada no último CONCUT. “Quando falamos em igualdade em sindicatos é curioso, porque os sindicatos são locais muito abertos à reflexão, mas há um problema: o preconceito existente dentro do próprio sindicato”, afirmou Paula.

Nesse ponto, a presidenta da CNQ, Lú Varjão, destacou o ambiente masculino e machista das entidades sindicais e a dificuldade das mulheres em participar de atividades aos finais de semana e até em manter um relacionamento quando ela participa do sindicato, tendo muitas vezes que optar pela vida social ou movimento sindical. “Quando a gente chega tem que quebrar paredes. O desafio da mulher dentro dos sindicatos é tão grande quanto os desafios que ela tem na sociedade, nos partidos políticos, nas igrejas. À mulher, por exemplo, sempre é exigida experiência, ao homem não”, afirmou.

Paula Loureiro encerrou sua apresentação com um importante recado: "a nossa sociedade só se mantém como está por que nós nos submetemos a isso. Cabe a cada um decidir o que quer para a própria vida. Decidir se vai passar a vida reproduzindo conceitos e ideais, ou vai refletir, mobilizar, protestar para que tenhamos uma vida melhor para todos”.