Os trabalhadores e trabalhadoras não vão pagar pela crise
22 de Setembro de 2015
Brasil
A Confederação do Ramo Químico da CUT e nossos sindicatos e militantes vamos continuar na luta por um trabalho decente para os trabalhadores e trabalhadoras
Vivemos uma situação difícil, talvez a mais difícil dos últimos anos. A somatória de uma crise econômica com uma grave crise política nos apresenta uma situação contraditória: ao tempo em que defendemos vigorosamente a permanência da presidenta Dilma, eleita com 54 milhões de votos, não podemos defender as suas propostas para a crise. É esse dilema que domina a situação atual. Nós da Confederação do Ramo Químico da CUT, não acreditamos na situação fácil de abandonar o barco como muitos estão fazendo: defendemos os resultados das urnas pois acreditamos plenamente na democracia. E defendemos também o programa da presidenta eleita, um programa que não sacrificava os direitos e as conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras. Reconhecemos a gravidade da crise que se iniciou em 2008 com a falência da financeira Lehman Brothers (e como esse ano já vai distante) e teve continuidade com a bolha imobiliária nos Estados Unidos, a queda econômica da Europa, a desaceleração da China - tudo isso desvalorizou nossos produtos e a nossa atividade econômica. Durante todos esses anos o Brasil parecia uma ilha de tranquilidade num mar turbulento: pudemos manter e aumentar nossos empregos e salários. A profunda desigualdade estrutural da sociedade brasileira diminui um pouco. Mas a crise chegou até nós. O capitalismo é um sistema econômico sujeito a crises periódicas - não há como evitar isso.
Reconhecemos a gravidade da crise, mas não aceitamos que as medidas propostas possam dar uma solução para ela. Parecenos o contrário: a alta dos juros, por exemplo comprime a atividade econômica e, portanto, diminui a arrecadação do governo ( e também aumentas as suas despesas com juros) - mas não é necessário aumentar essa arrecadação? Talvez juros mais baixos não fomentariam a economia neste momento de crise mas, ao menos, diminuiriam as despesas. Juros só servem aos especuladores.
Ao invés de subir os impostos como estão querendo alguns, não seria melhor combater a sonegação que alcança 500 bilhões de reais ao ano. As denunciadas contas de brasileiros no HSBC da Suíça foram investigadas? Leio na rede que os brasileiros ricos estão comprando, este ano, mais imóveis em Miami do que no ano passado. Essas compras são declaradas ao fisco? A elite de funcionários brasileiros, seja do Executivo, Legislativo ou Judiciário, têm altos salários e muitas "mordomias". Não seria o caso de cortar aí ao invés de na educação e na saúde? Será que a única solução para os problemas da Petrobras é a diminuição dos salários? São muitas as perguntas e queremos respostas para elas. Como já disse não vamos abandonar o barco - Dilma fica!, mas não aceitamos o sacrifício de nossos direitos e benefícios.
A Confederação do Ramo Químico da CUT e nossos sindicatos e militantes vamos continuar na luta por um trabalho decente para os trabalhadores e trabalhadoras do ramo químico da indústria brasileira.