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Petroleiros contestam balanços financeiros que indicam prejuízos nas FAFENs

26 de Março de 2018

Petrobras

Para a FUP, o governo quer vender empresas de fertilizantes com preço inferior ao valor real para estrangeiros

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) está preparando um relatório para contestar estratégia privatista de Michel Temer (MDB-SP), que divulgou balanços financeiros apontando supostos prejuízos nas Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados (FAFENs) dos estados da Bahia, Sergipe, Mato Grosso do Sul e Paraná com o objetivo de vender as empresas a “preço de banana” para grupos internacionais.

Só na Fafen da Bahia foi apontado um prejuízo de R$ 200 milhões. Na do Paraná, R$ 400 milhões. Esses resultados causaram estranheza nos petroleiros, já que o principal insumo das fábricas é o gás, fornecido pela própria Petrobras, acionista majoritária das fábricas.

“O governo golpista alega que as empresas deram prejuízos nos últimos três anos, mas a verdade é que eles querem desvalorizar os ativos das FAFENs para privatizar e vender por um preço muito aquém do que valem as fábricas”, denuncia Deyvid Barcelar, coordenador geral do Sindipetro da Bahia.

Segundo ele, a Yara, da Noruega, e a Acron, da Rússia, já demonstraram interesses nas FAFENs do Paraná e Mato Grosso do Sul.

Para defender milhares de empregos de trabalhadores e trabalhadoras, que correm o risco de ser demitidos caso as fábricas sejam vendidas, a FUP vem fazendo reuniões com políticos e empresários e realizando atos de protestos com funcionários das FAFENs em todo o país.

Paralelamente, a FUP está tentando agendar uma reunião com o presidente da Petrobras, Pedro Parente, para a próxima terça-feira (27) para exigir explicações. Devem participar da reunião, além dos dirigentes sindicais, deputados, senadores e os governadores dos estados que serão mais atingidos financeiramente caso as fábricas fechem.

A Associação Brasileira de Indústrias Químicas (Abiquim) disse, em nota, que várias indústrias químicas correm o risco de parar suas atividades, pois não terão mais os insumos produzidos pelas FAFENs.

“Somente em Camaçari, aqui na Bahia, serão dispensados 700 trabalhadores. Outros milhares de trabalhadores de fábricas do entorno da Fafen, de empresas de transporte e manutenção, também podem ser demitidos”, disse Deyvid.

Exatamente pelos prejuízos às finanças municipais e estaduais que o fechamento das fábricas pode causar, os sindicatos dos petroleiros conseguiram o apoio de prefeitos, governadores, deputados, vereadores e de empresários.

Segundo a FUP, as fábricas de fertilizantes nitrogenados têm uma importância fundamental para a soberania alimentar do país, já que a agricultura é responsável por 40% do PIB, e o setor dependerá totalmente da importação do produto.

A saída da Petrobras do segmento de fertilizantes, além de comprometer a soberania alimentar - já que o Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo e importa mais de 75% dos insumos nitrogenados -, coloca o país na direção contrária de outras grandes nações agrícolas, cujos mercados estão em expansão. Os especialistas vêm alertando que a demanda global de fertilizantes deve elevar em até 15% os preços do produto.

Investimentos nos governos Lula e Dilma

Ao longo dos anos 2000, os governos Lula e Dilma trabalharam para reduzir a dependência externa de fertilizantes, através da implementação do Plano Nacional de Fertilizantes e da ampliação da participação da Petrobras no setor, com o desenvolvimento de novas fábricas, como a Fafen Uberaba e a Fafen Mato Grosso do Sul, que chegou a ter 85% das obras concluídas e agora está sendo entregue por Parente para empresas estrangeiras.

Estudos da época apontavam que se as novas plantas já estivessem produzindo, a necessidade de importação de fertilizantes nitrogenados seria hoje inferior a 10%.

Fonte: Rosely Rocha - Portal CUT