Plenária reafirma unidade dos movimentos pró-democracia
01 de Abril de 2015
Brasil
Militantes lotam a Quadra dos Bancários em São Paulo, demonstrando a força da resistência contra qualquer retrocesso, seja nos direitos, seja na sociedade
A Plenária Plenária Nacional dos Movimentos Populares por Mais Democracia, Mais Direitos e Combate à Corrupção realizada na noite desta terça (31) em São Paulo começou com música ao vivo. Música brasileira de tons políticos, claro, afinal foi um ato e uma festa em defesa do Brasil democrático que busca a superação das injustiças sociais e luta, contra diferentes e poderosos interesses, por sua soberania e desenvolvimento.
A Quadra dos Bancários, palco histórico de tantas concentrações populares em diversas fases dessa luta, estava lotada. A mídia tradicional - jornalões, TVs e rádios - estava toda presente mas, mais importante que isso, a imprensa livre que milita nas redes sociais, garantindo a voz contra-hegemônica.
E terminou com um apelo à unidade dos movimentos populares em torno do mandato da presidenta Dilma Rousseff, em defesa da democracia e do resultado das urnas e com a opinião unânime que a maneira mais eficaz de combater a corrupção é fazer uma reforma política que, entre outras mudanças, proíba o financiamento de empresas e bancos para candidatos a cargos eletivos.
Mas não sem antes de uma forte cobrança sobre os rumos atuais do governo. O presidente da CUT, Vagner Freitas, cuja fala antecedeu o encerramento que coube a Lula, deixou claro que os movimentos sociais defendem o resultado das urnas e condena o golpismo de setores que insinuam impeachment. Mas ponderou: "Defender a democracia é também defender nossos direitos", logo após ter criticado as medidas de ajuste fiscal que restringem direitos dos trabalhadores, como as MPs 664 e 665, que alteram regras de seguro-desemprego e pensões, entre outros.
"Não podemos acreditar que o ajuste fiscal do Levy (Joaquim Levy, ministro da Fazenda) vai resolver os problemas do Brasil. Se não fizermos uma inversão nessa política econômica, conquistas recentes como emprego e salário vão sumir e o peão vai ficar bravo com a gente", argumentou o presidente da CUT.
Vagner também citou a necessidade de se criar um imposto sobre grandes fortunas e criar formas de combate à remessa indiscriminada de divisas do Brasil para o capital estrangeiro. Quanto à corrupção, um dos temas da Plenária, o presidente da Central disse que a direita não tem moral para falar nesse assunto e completou: "Reforma política é a forma certa de combater corrupção".
O ex-presidente Lula, numa mensagem de otimismo, encerrou sua fala lembrando que ele próprio foi alvo de ataques maciços e constantes da oposição e da mídia, mas terminou com altos índices de aprovação popular. "Esperem. A Dilma pode terminar melhor do que eu", disse.
Como se estivesse se dirigindo diretamente à presidenta, afirmou: "Esses que aqui estão são seus parceiros para os bons ou maus momentos". Afirmou acreditar que Dilma tem compromisso com os mais pobres e com os trabalhadores e lembrou de onde veio o apoio que ele próprio recebeu em momentos de crise: "Quando eu estava com problemas quem me jogou uma boia salva-vidas não foi o mercado, foi o povo brasileiro", disse.
Para Lula, a diferença dos governos do PT em relação aos anteriores, no quesito corrupção, é que "levantamos o tapete e criamos novas ferramentas e canais para fiscalizar e combater os desvios".
E exortou: "Não podemos abaixar a cabeça. Temos de defender nosso legado e manter o debate político, sem raiva de quem nos critica".
João Paulo, do MST, deu o tom da Plenária. "Não ao golpe. Estamos aqui pelos direitos dos trabalhadores, pela democracia, pelos direitos dos trabalhadores e contra corrupção e em defesa da Petrobrás, e em especial em defesa do povo brasileiro".
Rosane Bertotti, secretária nacional de Comunicação da CUT, garantiu: "Sempre seguiremos em marcha na luta pelos trabalhadores e trabalhadoras". E chamou os cerca de 3 mil presentes a cantar o Hino Nacional, num dos mais emocionantes momentos do ato.
Raimundo Bonfim, da Central dos Movimentos Populares, fez um prognóstico: "Nos próximos meses, a luta decisiva será nas ruas. Se o andar de cima insistir em continuar batendo panela, o andar de baixo só terá um jeito: botar fogo no fogão".
Flavio Jorge, da Coordenação Nacional das Entidades Negras, resumiu a conjuntura política. "Para nós negros, um recado claro foi dado esta semana na Comissão de Constituição e Justiça, que aprovou a redução da maioridade penal. Isso mostra que estamos vivendo neste momento uma onda conservadora. E a gente não sai do cerco político na defensiva, mas na ofensiva. Daí a importância dessa Plenária".
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