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Representantes da OIT e trabalhadores (as) debatem redes sindicais em seminário

17 de Novembro de 2014

Redes

Estamos em um momento em que os direitos fundamentais do trabalhador são questionados e atacados pelas multinacionais.” O alerta, feito pelo...

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Estamos em um momento em que os direitos fundamentais do trabalhador são questionados e atacados pelas multinacionais.” O alerta, feito pelo consultor da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e coordenador da Global Labour University, Frank Hoffer, que deu início aos debates de seminário internacional que acontece em São Paulo nesta segunda e terça-feira (17 e 18). No foco da atividade estão reflexões sobre os desafios e os avanços alcançados por meio da atuação sindical em rede.

O seminário Redes e os desafios para a construção de um sindicalismo global marca o encerramento das atividades do projeto Promoção dos Direitos Trabalhistas na América Latina, gerido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Instituto Observatório Social, pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) e pela Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ/CUT), e apoiado pelo centro de formação DGB Bildungswerk (DGB BW).

Participam da atividade cerca de 100 trabalhadores (as) em empresas multinacionais do ramao metalúrgico (Thyssenkrupp, Weg, Leoni, Vallourec e Stihl) e do ramo químico (Knauf, Braskem, Linde, CBC, Leoni, Shott e Henkel), além de representantes de organizações internacionais ligadas ao mundo do trabalho e coordenadores de redes sindicais na Alemanha. 

A ação das multinacionais e a violação dos direitos humanos e trabalhistas foi a linha principal debatida durante a mesa de abertura. Ainda segundo o representante da OIT, o modelo de atuação em rede é um exemplo de como a solidariedade e a troca de informações pode fortalecer a ação sindical e ser uma alternativa de enfrentamento às más condutas das multinacionais. “Na OIT, pensamos muito em como podemos contribuir para fortalecer as redes, em aumentar a solidariedade, porque vimos que, na prática, essa ação pode dar certo. E para o sucesso das redes, é preciso que se tenha informação, confiança, transparência, continuidade e objetivos conjuntos”, completou.

Segundo o secretário de Relações Internacionais da CUT e membro do conselho de administração da OIT, Antônio Lisboa, o principal risco que as multinacionais oferecem atualmente é a tentativa de tirar dos trabalhadores o direito à greve. “A grande disputa que acontece hoje é pelo direito à greve dentro das normas da OIT. Os patrões têm contratado advogados especialistas em práticas antissindicais na tentativa de tirar dos trabalhadores este direito”, afirmou. “Retirar o direito de greve é o primeiro passo para retirar os demais direitos e privar os trabalhadores da capacidade de reagir. Por isso, para nós, da CUT, não há outro caminho que não fortalecer os sindicatos globais e acordos que garantam os direitos mínimos”, completou.

Apoio à atuação em rede
A tentativa de flexibilização de direitos trabalhistas é uma das lutas enfrentadas por trabalhadores no Brasil há pelo menos 30 anos, quando iniciou a cooperação entre brasileiros e alemães trabalhadores em multinacionais. Fritz Hofmann, representante do IG Metall e trabalhador aposentado da Mercedes-Benz, participou do início dessa aproximação e hoje é um dos defensores do trabalho em rede.

“Há 30 anos trabalhamos em rede. Neste tempo, percebemos que é importante não apenas receber relatórios sobre as plantas no Brasil, mas conhecer de perto, trocar experiências. A formação também é parte muito importante neste processo. A solidariedade, e não a concorrência, deve ser o nosso lema”, ressaltou Hofmann.

Fonte: IOS