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Salvador sedia Encontro do Macrossetor da Indústria da CUT Bahia

26 de Novembro de 2013

Ramo Químico

A atividade reúne dirigentes dos cinco ramos que compõem o macrossetor da indústria: alimentação, químico, vestuário, metalúrgico e...

A atividade reúne dirigentes dos cinco ramos que compõem o macrossetor da indústria:

alimentação, químico, vestuário, metalúrgico e construção civil

leandro soares26 11

Nesta terça-feira (26), em Salvador, teve início o Encontro do Macrossetor da Indústria da CUT-BA, na sede do Sindiquímica Bahia. A atividade termina na quarta-feira (27) e reúne dirigentes dos cinco ramos que compõem o macrossetor da indústria na Bahia: alimentação, químico, vestuário, metalúrgico e construção civil. A atividade foi coordenada pelo secretário de Comunicação da CUT-BA, Thiago Rios, que é o coordenador do evento.

A mesa de abertura da atividade intitulada O Macrossetor da Indústria sob o Olhar dos Ramos e dos Sindicatos contou com os seguintes participantes: o presidente da CUT-BA, Cedro Silva;  o representante da Conticom, Claudio Silva Gomes; o vice-presidente da CNTV, João Batista; o presidente da CNM, Paulo Cayres (Paulão); Nelson Morelli, secretário de Política Sindical da Contac; a presidenta da CNQ, Lucineide Varjão Soares; a dirigente do Sindiquímica e da CNQ, Lucíola Semião.

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Cedro, da CUT-BA (acima ao microfone), enfatizou que é preciso analisar e discutir as perspectivas da indústria diante da crise mundial e no cenário da economia regional: "A economia brasileira consegue crescer, mas sabemos que pontualmente as importações diminuem. É importante criarmos um coletivo da CUT-BA que represente o macrossetor da Indústria, apontando caminhos para que possamos apontar os rumos da luta desse segmento em nosso estado".

Cláudio, da Conticom (Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira), reforçou a importância do encontro e a necessidade de aprofundar as discussões para que os trabalhadores estejam preparados para enfrentar os desafios. " O processo da construção civil está passando para uma fase industrial com máquinas que fazem o trabalho que antes era artesanal. Temos que preparar o nosso pessoal para trabalhar nesse setor. As construções modernas passam por um processo de automação e industrialização. Esse processo vem gradativamente e essa relação tem de ser tratada da forma como ela se apresenta hoje", explicou o sindicalista.

Batista, da CNTV (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Vestuário), trouxe um levantamento acerca dos principais números referentes ao setor de vestuário no Brasil: "A importação representa hoje 25% do consumo têxtil de confecção. No setor de vestuário, 52% dos trabalhadores têm carteira assinada, outros 29% trabalham por conta própria. As mulheres representam 69% da mão de obra do vestuário. Os jovens representam 37% dos trabalhadores desse setor. Entre os calçadistas, esse percentual chega a 50%. O setor tem pouca escolaridade e 39% dos trabalhadores têm apenas o Ensino Fundamental incompleto".

Morelli, da Contac (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação, Agroindústria, Cooperativas de Cereais e Assalariados Rurais), falou sobre os principais problemas enfrentados pelos trabalhadores do ramo da indústria de alimentação no Brasil, entre os quais a precarização e o uso abusivo de agrotóxicos. "O uso de agrotóxico no Brasil é abusivo. Alimento tem que ter qualidade e é importante que nos fóruns como esse do macrossetor possamos trabalhar essa questão. Outro ponto importante é a nossa organização. O segmento empresarial irá se organizar para desconstruir os avanços que já tivemos. Temos que avançar, pois a classe trabalhadora está com seus avanços postos em risco", alertou.

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Lucineide (acima), a presidenta da CNQ (Confederação Nacional do Ramo Químico), destacou: "No Nordeste a Confederação tem 13 sindicatos. Um dos nossos desafios é ampliar o número de entidades filiadas. Temos também que integrar as secretarias nacionais e regionais, construir e consolidar políticas regionais de acordo com as especificidades, fortalecer as secretarias setoriais e estratégias para ampliar a organização por local de trabalho. Nossos eixos de atuação incluem as campanhas reivindicatórias com construção de acordos nacionais. Também estamos na luta para combater a terceirização e demais formas de precarização das relações e condições de trabalho”.

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Paulão (acima), da CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos), destacou que é preciso investir em várias frentes de luta para impedir que o capital avance na precarização: "Queremos qualificar os nossos profissionais. Hoje no Brasil há um mito de que não há engenheiros e isso não é verdade. O que falta é qualificação. Queremos que nossos filhos trabalhem também com tecnologia. Outra questão é a rotatividade que precisa acabar. É a política do pau de sebo na qual o trabalhador, quando tem seu salário acima do piso, é demitido e depois readmitido novamente pelo valor do piso".

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Lucíola (acima), dirigente do Sindiquímica-BA, reforçou a importância de ampliar o debate nacional sobre as questões referentes ao macrossetor industrial em nível estadual e nacional. "Também é preciso saber o que está acontecendo em outros ramos e esse é o espaço para discutirmos essas questões. Reforço também a importância de diminuir as desigualdades de gênero no mundo do trabalho e no movimento sindical", colocou.

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A indústria da Bahia sob os olhares do governo e da indústria

Supervisora técnica do Dieese, Ana Georgina Dias, faz resgate histórico dos últimos 50 anos da indústria na Bahia

A mesa do período da tarde teve como tema A Indústria da Bahia sob os Olhares do Governo e da Indústria. A supervisora técnica do Dieese, Ana Georgina Dias, foi a palestrante e o secretário de Organização e Política Sindical da CUT, Josenilton Ferreira (Cebola), coordenou a atividade.

Ana Georgina apresentou dados históricos referentes aos 50 anos da indústria na Bahia, desde a década de 1950 até o momento atual: "Até a década de 1950 a economia baiana era predominantemente primária exportadora e o principal produto era o cacau. Havia uma tendência à concentração de riqueza com alta suscetibilidade às flutuações de demanda externa e baixa contribuição ao dinamismo econômico. Esse quadro não proporcionava a implantação de outras atividades com diversificação da estrutura produtiva".

Em relação à economia baiana hoje, Ana reforça que dos 417 municípios baianos, cerca de 380 dependem unicamente do Fundo de Participação dos Municípios e dos programas de transferência de renda do Governo Federal. "Isso começou com a economia altamente dependente de um único produto e a concentração de renda. Na década de 1950, o Brasil começa a trazer a industrialização com a indústria automobilística", colocou.

Sobre a perspectiva histórica da economia baiana, a técnica enfatiza o baixo crescimento econômico e o inexpressivo processo de industrialização: "A Bahia contava apenas com algumas pequenas indústrias tradicionais de fumo, têxtil, bebidas, produtos alimentares e outras. Tinha baixa participação na indústria nacional. A partir da década de 1950 surgem os primeiros movimentos de expansão no processo de industrialização no estado. A partir desse desenvolvimento, em 1956 foi implantada a Refinaria Landulfo Alves e, em 1967, foi fundado o Polo Industrial de Camaçari".

Na década de 1970, segundo Ana Georgina, por conta do crescimento econômico havia dinheiro para investir e atrair investidores. Na década de 1980, período extremamente difícil por conta do endividamento e da guerra do petróleo, houve falta de políticas nacionais com vistas ao desenvolvimento regional. "Os estados buscaram mecanismos próprios de desenvolvimento econômico. Sem acúmulo anterior de capital houve necessidade de atração de investimentos via incentivo fiscal", explica.

 

Fotos: CUT Bahia e Leandro Soares (primeira imagem).