Sindiquímica Bahia: Mercúrio, vamos nos preocupar!
19 de Julho de 2018
Saúde
O Brasil é signatário da Convenção de Minamata, que versa sobre os riscos do uso do Mercúrio no âmbito do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). O debate das autoridades mundiais e a preocupação das entidades civis se deve ao fato desse metal possuir alta toxicidade e particularidades de seu ciclo biogeoquímico, em especial o efeito cancerígeno, dentre outras implicações deletérias a saúde dos seres vivos atingidos.
Nesse contexto, foi realizado o encontro do Grupo Nacional de Trabalho do Mercúrio, no dia 06 de junho de 2018, em Brasília, para tratar da convenção internacional no âmbito interno do Brasil. Participaram do evento, representantes do governo brasileiro, de entidades sindicais, como a CUT, representantes da sociedade civil e empresários, no qual a Comissão Nacional Química (CONASQ) decide estabelecer um grupo de trabalho permanente para acompanhar a implementação da convenção.
Na ocasião, as entidades representativas dos trabalhadores apresentaram suas preocupações sobre a real análise da situação do uso do mercúrio no país, seu controle e erradicação urgente, com a utilização de outras tecnologias na atividade laboral. Por outro lado, a Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (ABICLOR), dentre outros setores empresariais, apresentaram seus interesses e visão sobre o uso do mercúrio na indústria, em especial de cloro.
No âmbito local, é importante destacar que o Sindicato tem recebido várias denúncias envolvendo a unidade de cloro-soda da Braskem. Causa extrema preocupação o fato de que os exames de 100% dos membros de um grupo de trabalhadores e ex-trabalhadores dessa unidade tenham apresentado resultados positivos para mercúrio e com valores muito acima do limite admitido. O resultado é fruto dos exames que os trabalhadores fizeram voluntariamente para pesquisadores especialistas de uma renomada universidade baiana.
Para agravar ainda mais a situação, a empresa continua a omitir informações no PPP sobre a real exposição dos empregados ao agente nocivo, bem como, temos recebido denúncias informando que persiste a prática de não emitir CAT’s para os trabalhadores que estão com nível elevado de mercúrio. Os trabalhadores denunciam também que atualmente essa unidade, em Camaçari, possui nove células fora de operação por falta de mercúrio e, sendo o mercúrio um metal pesado, não poderia simplesmente desaparecer, restando a pergunta: “Onde foi parar esse mercúrio?”
A Diretoria do Sindicato pretende levar todos esses fatos e questionamentos para ser tratado na próxima reunião do GT HG, para confrontar o relatório da ABICLOR, assim como especialmente cobrar a responsabilidade da empresa na troca de tecnologia do processo de mercúrio, como já foi feito na Unidade de Alagoas em relação à célula de Amianto.
Merece destaque que, além da unidade da Braskem - cuja empresa é responsável direta pela planta industrial -, todas as demais empresas que compõe a cadeia produtiva no Polo de Camaçari (Monsanto, Oxiteno, Copenor e outras), têm obrigação de cuidar do meio ambiente, meio ambiente laboral e saúde do trabalhador.
O Sindicato reitera que buscará por todos os meios, preservar a saúde e o meio ambiental laboral, para todos os trabalhadores envolvidos, sejam eles, os antigos e atuais, e os futuros - diretos e terceirizados.
Fonte: Sindiquímica Bahia