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Subsídios para as negociações no ramo químico: segundo semestre-2013

11 de Setembro de 2013

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            Importantes categorias do ramo químico entram em Campanha Salarial no segundo semestre. Petroquímicos, químicos...

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Importantes categorias do ramo químico entram em Campanha Salarial no segundo semestre. Petroquímicos, químicos, petroleiros, vidreiros e papeleiros ampliam as mobilizações para renovar importantes cláusulas dos respectivos acordos coletivos e garantir aumentos salariais. Com o objetivo de subsidiar as negociações com dados econômicos mais gerais, Marilane Teixeira, da assessoria da CNQ-CUT, divulgou um breve material de referência na reunião de planejamento da nova direção da Confederação (realizada dias 3 e 4 de agosto). Nele será possível conferir a situação atual de vários indicadores e de que forma eles influenciam as atividades econômicas e, por conseguinte, as mesas de negociação.

 

PIB - Produto Interno Bruto

O comportamento da economia (crescimento, estagnação ou recessão) depende basicamente dos investimentos privados, dos gastos do governo e do consumo das famílias. Se não há consumo dificilmente os agentes econômicos investem porque receiam a formação de elevados níveis de estoque; mas consumo sem investimento pode provocar inflação. Esses fatores precisam ser coordenados. No caso do Brasil se vinha de um ciclo de crescimento interrompido com a crise de 2008 e retomado em 2010, entretanto, em 2011 o governo reduz os investimentos para aumentar o superavit primário, o setor privado desacelera e o resultado foi o crescimento medíocre de 0,9% em 2012. O ano de 2013 inicia um processo de recuperação, os investimentos públicos crescem e impulsionam o setor privado; as políticas de desoneração e redução de tributos contribuíram bastante. tabela mari 01

O PIB anual é divulgado no ano seguinte, mas durante o ano corrente o IBGE divulga os resultados trimestrais, ou seja, a cada três meses são publicados os resultados sempre em comparação com os três meses anteriores ou os três meses correspondentes ao ano anterior.
O 2° trimestre de 2013 (abril, maio e junho) cresceu 1,5% em comparação com os três meses anteriores. Os responsáveis pelo crescimento foram os setores da agricultura, indústria e investimentos. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBKF) cresceu 3,6%, o que representa um bom sinal porque sinaliza que as empresas estão investindo em tecnologia e compra de máquinas e equipamentos.

 

Confira os resultados

PIB cresce 2,6% no primeiro semestre

O PIB a preços de mercado no primeiro semestre de 2013 apresentou crescimento de 2,6%, em relação a igual período de 2012. Nesta base de comparação, o volume do valor adicionado da agropecuária cresceu 14,7%, seguido pelos serviços (2,1%) e pela indústria (0,8%).

tabela mari 02

 

Comportamento dos Setores do Ramo Químico
Acumulado entre janeiro – junho de 2013

comparado com o mesmo período do ano anterior

tabela mari 03

 

Efeitos da desvalorização do câmbio

1) Nas últimas semanas a moeda brasileira vem perdendo valor diante do dólar. Esse processo se iniciou em 2012 e está se intensificando nas últimas semanas. As causas podem ser atribuídas a uma política do governo dos Estados Unidos de elevar as taxas de juros de seus títulos de longo prazo. Isso provocou uma corrida do capital especulativo em direção a esses mercados e o Brasil - por suas características peculiares - está mais exposto a essa volatilidade. O capital financeiro que opera no Brasil tem prazos de resgate curtos e a ausência de mecanismos que impedem a sua saída provoca esse fenômeno que estamos acompanhando. A estratégia tem sido a recompra desses papéis com taxas mais atrativas como forma de evitar a fuga de capitais. Esse processo também atinge outras economias. Os efeitos já podem ser percebidos pela desvalorização do câmbio. O governo vem reiteradamente afirmando que as reservas superam os US$ 370 bilhões.
2) Entretanto, para segurar o dólar em nosso país se elevam os juros. Foi o que aconteceu na última semana quando a taxa básica passou de 8,5% para 9,0% em agosto de 2013. Em outubro de 2012 a taxa era de 7,25%, menor patamar.


O impacto sobre os setores produtivos

3) Se o câmbio se desvaloriza os preços das importações ficam mais caros, o que inibe a entrada de produtos estrangeiros e estimula que os produtos e insumos sejam adquiridos de fabricantes nacionais, entretanto, se as importações são inevitáveis pela ausência de similar nacional ele entra com custos mais elevados podendo pressionar a inflação em decorrência da elevação de custos.
4) Para as empresas com dívidas em moeda estrangeira cresce o valor da dívida, entretanto, não é o caso do Brasil porque apenas 20% do endividamento das empresas estão vinculados ao dólar.
5) Para as empresas que exportam esse é um ótimo cenário, elas se tornam mais competitivas porque poderão oferecer bens com preços mais atrativos lá fora e preservar as suas margens de lucro.
6) Não há uma taxa ideal de câmbio. São prioridades em termos de política econômica que ajudam a definir um câmbio compatível com uma perspectiva de crescimento, preservando a competitividade da indústria nacional.


Taxa de juros básica (SELIC)
1) Na última reunião do COPOM a taxa básica foi elevada de 8,5% para 9,0%. Somente esse ano a taxa já sofreu quatro alterações. A política de juros alta é reflexo da quebra de braço entre o governo e sociedade de um lado e sistema financeiro, empresas produtivas e rentistas, do outro lado. A especulação financeira decorrente da política de juros altos americana contribuiu para que se elevassem os juros e com isso os ganhos reais dos aplicadores. A pressão para elevar os juros também surgiu a partir do alarmismo que se instalou no país por meio da imprensa em relação à elevação das expectativas inflacionárias.
Os setores interessados na elevação da taxa de juros disseminaram na sociedade a ideia de que a inflação estava fora do controle e com isso pressionaram para que as taxas básicas fossem elevadas. Como se pode verificar pela tabela abaixo, desde 2002 em vários períodos a inflação acumulada entre janeiro e julho ultrapassou os 3%.

 

tabela mari 04

tabela mari 05

 

Consequências?
1) As taxas de juros elevadas mantêm o capital especulativo no país e ameniza a fuga de capitais.
2) Deixa o dinheiro mais caro, ou seja, as taxas se elevam para empréstimo - crédito tanto de pessoa física como pessoa jurídica o que pode comprometer o ritmo de crescimento.
3) Contribui para manter a dívida pública em patamares elevados, o total da dívida interna brasileira corresponde a 35% do PIB, mas se considerarmos a rolagem esse valor supera os R$ 3 trilhões.


Custo do trabalho na indústria - Produtividade
A produtividade se refere a uma variação em dois momentos distintos. Essa variação é medida pela divisão da produção física em relação ao número de pessoas ocupadas ou em relação ao valor das horas pagas. Também conhecido como produtividade do trabalho. Como decorrência da desvalorização cambial o custo do trabalho recuou, segundo estudos apresentados por uma empresa de consultoria, em 6,1% nos últimos 12 meses encerrados em junho.

tabela mari 06

 

 

Por Marilane Teixeira, assessora econômica da CNQ-CUT

 

 

Foto: Acervo Sindipetro Bahia