Voltar

Tragédia anunciada: tristeza, raiva, vergonha e luta em Mariana

07 de Novembro de 2015

Minérios

CNQ está acompanhando os desdobramentos e manifesta sua solidariedade à população de Mariana

A CNQ está acompanhando com muita atenção os desdobramentos da tragédia que atingiu a cidade de Mariana, seus moradores/as e os trabalhadores/as da Mineradora Samarco e seus familiares.

Nosso assessor para os temas de mineração, Lourival Araújo Andrade, esteve dia 6 de novembro – um dia após a tragédia - na cidade conversando com moradores e participando de reuniões com sindicatos locais, com o Sindágua - MG, padres da cidade, organizações de direitos humanos da região, organizações da juventude e ambientalistas. Seu relato traduz a indignação diante de uma tragédia anunciada, pois, um estudo técnico de 2013 realizado por uma equipe contratada pelo Ministério Público, demandada por denúncia da sociedade, mostrou que a barragem tinha problemas e que a solicitação da mineradora de aumentar sua altura mais uma vez não era permitida.

“Sabemos que a queda da barragem não foi uma fatalidade natural, como querem nos fazer crer os meios de comunicação. Tudo isso é o resultado da negligência de um grupo econômico poderoso e que tem se beneficiado com as taxas de lucros astronômicos obtidas a custo de exploração de milhares de trabalhadores e trabalhadoras que, nesse momento, enfrentam a perda, a mutilação e a destruição de suas casas. Alguns retirados para sempre do convívio familiar”, afirma a presidenta da CNQ, Lucineide Varjão, que, em nome de toda a direção da entidade, manifestou nossa solidariedade a todos os trabalhadores e trabalhadoras da Samarco e seus familiares.

A Samarco Mineração é de propriedade da VALE (50%) e da BHP Australiana (50%). De acordo com informações da própria empresa, o rompimento das barragens liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos no meio ambiente, o suficiente para encher 24.800 piscinas olímpicas.

Confira abaixo trechos do relato do assessor Lourival Araújo Andrade.

Tristeza, raiva, vergonha e luta

... Estivemos ontem, dia 6 de novembro, em Mariana- MG na reunião das entidades sociais sindicais e movimentos ambientais, de direitos humanos e de solidariedade que imediatamente correram para lá após a tragédia criminosa do rompimento da barragem de rejeitos da Samarco Mineração...

... É importante registrar o clima de tristeza misturado com a solidariedade que tomou conta da cidade. Em todos os locais o assunto eram as ameaças que todos vivem com os distúrbios provocados pela mineração insustentável...

... [uma das reuniões] buscou avaliar a relação da mineração com a cidade, as recorrentes agressões às comunidades tradicionais, incluindo onde moram os trabalhadores da mineração, os crimes ambientais existentes, a situação especifica dos trabalhadores, incluindo a maioria que são os terceirizados e o que fazer diante da tragédia no momento e a médio prazo...

... [foi definido a] constituição de 5 grupos de ação e marcadas duas atividades. Uma para um debate local objetivando informar a todos, especialmente as lideranças locais, o que aconteceu, incluindo uma leitura técnica que será feita por um professor da Universidade Federal de Ouro Preto, cidade vizinha, e outra em Belo Horizonte para denunciar e conclamar solidariedade...

...  Muitas foram as falas mostrando as incoerências existentes na mineração brasileira. A maioria mostrando os efeitos negativos do modelo de mineração adotados no Brasil e os efeitos positivos que são absorvidos só por uma minoria de acionistas, fornecedores e o alto escalão das empresas de mineração...

... Outra denúncia relativa a tragédia é a manipulação e o controle das informações, objetivando colocar a empresa como se ela fosse atingida por um abalo sísmico, livrando a mesma das suas responsabilidades.

Fotos: Douglas Resende e Rafael Lage

Acompanhe a cobertura exclusiva que está sendo feita pela equipe do Jornal Brasil de Fato AQUI