Unidades de fertilizantes da Petrobras serão arrendadas
12 de Fevereiro de 2019
Petrobras
O plano de negócios prevê a saída completa da petroleira do segmento de fertilizantes
A Petrobras iniciou oficialmente tentativas para arrendar suas fábricas de fertilizantes nitrogenados (Fafens) em Sergipe e na Bahia. Com isso, a estatal quer pôr fim a um impasse que perdura desde o ano passado. O objetivo é identificar interessados em assumir a operação das “Fafens” e, assim, evitar o fechamento das plantas, que já não fazem mais parte dos planos da petroleira.
A estatal lançou semana passada a etapa de pré-qualificação para habilitar eventuais interessados em arrendar as fábricas. Caso o interesse se confirme, a companhia fará uma licitação para escolher o novo operador das fafens nordestinas.
Inicialmente, a Petrobras pretendia hibernar as fafens de Sergipe e Bahia devido aos prejuízos com a operação das unidades. O plano de negócios da companhia prevê a saída completa da petroleira do segmento de fertilizantes.
Além de buscar uma solução para as fábricas de Sergipe e Bahia, a empresa tenta vender a fafen de Araucária (PR) e a unidade de Três Lagoas (MS) — a companhia chegou a iniciar os desinvestimentos, mas os processos foram interrompidos em meados do ano passado depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, proibiu a alienação do controle de estatais e suas subsidiárias sem o aval do Congresso.
Mais de mil empregados
A companhia anunciou em março do ano passado que pretendia interromper as operações das unidades ainda no primeiro semestre. A notícia pegou as indústrias locais de surpresa e houve então uma pressão política para que a empresa voltasse atrás. De acordo com informações técnicas fornecidas pela Petrobras, as duas fábricas empregam cerca de 1,3 mil pessoas, entre funcionários próprios e terceirizados.
De um lado do impasse, estão os interesses empresariais da Petrobras, que, em 2017, acumulou um prejuízo de cerca de R$ 800 milhões com as duas unidades e não vê mais atratividade econômica em mantê-las em operação.
Por outro lado, segundo reportagem do Valor, o impacto da decisão sobre a dinâmica das economias locais levou governos estaduais e as indústrias que gravitam no entorno das fafens a pedirem ao então presidente da estatal, Pedro Parente, mais tempo para que se buscassem medidas alternativas para garantir o suprimento de matérias-primas à indústria local. Empresas do setor químico como Braskem, Oxiteno e Unigel utilizam como matéria-prima a amônia e o gás carbônico produzidos pelas fafens.
Diante do impasse, a data de hibernação foi então postergada para 31 de outubro. Em novembro, o estatal prorrogou o prazo por mais três meses — até janeiro.
Ao mesmo tempo em que busca interessados no arrendamento das unidades, a Petrobras trabalha em conjunto com clientes para garantir o acesso aos insumos a partir de outras regiões do país ou do exterior, caso as fafens sejam de fato interrompidas.
A unidade de Camaçari (BA), de 1970, tem capacidade para produção de 1,3 mil toneladas por dia de ureia. Já a unidade de Laranjeiras (SE) foi inaugurada em 1982 e produz 1,8 mil toneladas diárias. As duas plantas também comercializam amônia e gás carbônico, entre outros produtos.
Fafen-BA
Após 47 anos de operação, a Unidade de Ureia da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia é parada pela equipe de operação. Às 14:11h do dia 04 de janeiro de 2019, caiu o último grão de ureia, que começou a ser fabricada no Brasil no dia 14 de outubro de 1971.
A alegação da Petrobras é que necessita formar um estoque de hibernação de 21.500 toneladas de amônia, e como a planta de amônia passa por dificuldades de operação por falta de manutenção, opera a baixa capacidade (63%). Como a essa capacidade a planta de ureia absorve toda a produção de amônia, não é possível formar estoque excedente até o dia 31/01/19, data prevista para parada total da fábrica e início do fornecimento temporário aos clientes de amônia.