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Venda da Braskem para LyondellBasell volta a avançar, diz Valor Econômico

30 de Janeiro de 2019

Petrobras

Negociação pode criar monopólio de resinas plásticas e alterar toda a cadeia

As negociações para venda da Braskem à holandesa LyondellBasell, que foram paralisadas no fim do ano passado, esquentaram nas últimas semanas, segundo reportagem publicada na terça-feira (29/01) pelo jornal Valor Econômico. De acordo com a publicação, a "multinacional colocou ímpeto nas conversas diante à clareza da nova direção da Petrobras, que mantém os planos de saída desse segmento". Além disso, os entraves operacionais relevantes, que incluiam um novo contrato de fornecimento de nafta da estatal à Braskem, foram equacionados. Assim, as partes já podem se concentrar nas discussões finais sobre as condições de preço.
 
Na B3, o valor de mercado da Braskem voltou a superar R$ 39 bilhões, depois de ter ido abaixo de R$ 36,5 bilhões neste ano.
 
O Valor apurou que os movimentos recentes do novo governo brasileiro e da nova gestão da estatal foram bem recebidos por fontes próximas às tratativas entre a Odebrecht e a Lyondell. O grupo holandês havia colocado o pé no freio, à espera do novo comando do país e das empresas públicas.
 
Além do encontro do presidente do conselho de administração da LyondellBasell com o ministro Paulo Guedes em Davos, na semana passada, executivos do alto escalão da companhia holandesa já haviam se reunido com membros do governo Bolsonaro no Brasil para tratar sobre a compra da Braskem, segundo apurou o Valor. As conversas aconteceram dias antes do evento na Suíça, embora os primeiros contatos tenham ocorrido ainda no período de transição da Presidência, no fim de 2018.
 
Com a indicação do novo comando da Petrobras de que a intenção é vender suas ações na petroquímica controlada pela Odebrecht, a percepção é que as negociações vão ganhar velocidade. A própria Lyondell, que vinha conduzindo mais lentamente as conversas, tem se esforçado para acelerar a operação diante da disposição da Petrobras de vender e fornecer contrato para abastecimento, o que poderia despertar interesse de outro grupos pela Braskem.
 
Ainda não estava claro qual seria a estratégia da Petrobras sob o comando de Roberto Castello Branco em relação a seus ativos e se os esforços do presidente anterior da petroleira, Ivan Monteiro, nessa direção seriam mantidos.
 
Futuro da petroquímica
 
 
De acordo com o Valor, até o fim do ano passado, na gestão Monteiro, presidência e conselho de administração estavam alinhados quanto à decisão de vender os papéis da Braskem e sair do setor petroquímico, embora houvesse, dentro da estatal, um grupo resistente à operação. Segundo uma fonte, durante a transição na presidência da Petrobras, havia "sinais trocados" quanto ao futuro da participação na petroquímica. Nos últimos dias, porém, as incertezas se dissiparam.
 
Desde a semana passada, Castello Branco tem enfatizado a diferentes públicos que o foco estará na exploração e produção de óleo e gás, e na venda de ativos não considerados estratégicos. Ontem, em evento do Credit Suisse em São Paulo, o executivo afirmou que a petroleira pretende aproveitar a janela atual do mercado para avançar em desinvestimentos, com foco em ativos nos quais tem "expertise" natural, como exploração de petróleo em águas profundas e pré-sal. "O mercado de capitais vive em janelas, e temos uma boa janela agora. Vamos aproveitá-la, vamos ser rápidos e fazer vários negócios, sinalizando que a Petrobras está no caminho certo", disse.
 
Apesar do empenho das partes, o sucesso para venda da Braskem precisará vencer uma nova rodada de negociações. Quando tiver em mãos a proposta da Lyondell, a Odebrecht terá de acordar com cinco bancos credores - Itaú, Bradesco, BNDES, Banco do Brasil e Santander - a permissão para a venda. Essas instituições possuem os papéis como garantia de dívidas de pouco menos de R$ 13 bilhões do conglomerado.
 
Os bancos terão de concordar com os planos da Odebrecht, que pretende receber a maior parte possível em ações da Lyondell (que será combinada à Braskem). Já a Petrobras segue com a preferência de ser paga em dinheiro, em sua maioria.
 
Na última semana, em reunião com analistas financeiros, Castello Branco indicou que a Petrobras poderia retomar o processo de venda de sua participação de 36,1% na Braskem e analisar a possibilidade de venda do controle da BR Distribuidora, sem fornecer detalhes sobre as operações em potencial.
 
Em relatório, o Santander informou que, segundo o executivo, a Petrobras tem uma vantagem competitiva no pré-sal, mas não no setor petroquímico. "Então nós acreditamos que a companhia poderia eventualmente analisar desinvestimentos no setor químico".
 
Também sobre o assunto, a XP Investimentos informou em relatório que Castello Branco apoia o desinvestimento da participação na Braskem, embora nenhuma atualização tenha sido dada sobre as negociações em andamento entre a LyondellBasell e a Odebrecht. Braskem e BR Distribuidora não fazem parte da atual carteira de desinvestimentos da Petrobras, que prevê levantar US$ 26,9 bilhões com venda de ativos até 2023.
 
Sobre a BR, que teve o capital aberto no fim de 2017, Castello Branco disse ontem que todas as opções estão sendo consideradas. "Vamos estudar a melhor e fazer os "deals" (negócios) na sequência, o critério será maximização de valor para os acionistas. Vamos fazer isso, e rapidamente", afirmou.